VOMITOXINA
(Desoxinivalenol)


Toxicinética
Pouco se sabe sobre o toxicinética do DON em humanos, uma vez que a grande maioria dos estudos são feitos em animais e, como já foi enumerado, estes apresentam uma sensibilidade diferente a esta micotoxina (Pestka and Smolinski 2005; Rocha, et al. 2005). Sabe-se também que o porco é o que apresenta uma maior sensibilidade, e é por isso utilizado como modelo para a função intestinal humana (Kouadio, et al. 2005; Pestka and Smolinski 2005; Sergent, et al. 2006).
O DON é rapidamente absorvido, especialmente no intestino delgado e, maioritariamente excretado na urina, sem acumulação nos tecidos (Maresca, et al. 2002; Pestka and Smolinski 2005; Pestka 2007; Sergent, et al. 2006).
Absorção, metabolização e excreção do DON (Maresca 2013)
Mecanismo de ação
A hipótese mais aceite é a de que o DON inibe a proliferação celular intestinal e, é absorvido através do epitélio intestinal por difusão simples, principalmente através da via paracelular (Antonissen, et al. 2014; Sergent, et al. 2006).
Assim, após a entrada na célula, afeta a sinalização celular ao nível das proteínas cinases ativadas por mitógenios (MAPKs, do inglês mitogen-activated protein kinases).
Nos macrófagos, pequenas doses ativam cinases da MAPK, preferencialmente a ERK, com sobrevivência da célula e da expressão genética, enquanto que com altas doses o mesmo não acontece, ocorre apoptose, quebra do RNA e inibição da síntese proteíca (Antonissen, et al. 2014; Maresca 2013; Sergent, et al. 2006).
A afetação da sinalização celular ocorre após uma exposição crónica, através de alimentos contaminados, o que provoca a desfosforilação da MAPK e, poderá despoletar uma inflamação intestinal (Antonissen, et al. 2014; Maresca 2013; Sergent, et al. 2006).
Tal como outros tricotecenos, DON é capaz de se ligar ao ribossoma e causar stress ribossómico.
Esta capacidade deve-se à presença do grupo epóxido na posição 12-13, que se liga aos nucleótidos, formando o RNA ribossomal. Assim, os grupos amina dos nucleótidos,vão reagir com o epóxido (Maresca 2013; Pestka and Smolinski 2005; Pestka 2007).
Até hoje, a maneira como o DON se liga ao RNA ribossómico, permanece desconhecida .

Mecanismo de ação (Pestka 2007)
Bibliografia
Antonissen G, Martel A, Pasmans F, et al. (2014) The impact of Fusarium mycotoxins on human and animal host susceptibility to infectious diseases. Toxins 6(2):430-52 doi:10.3390/toxins6020430
Kouadio JH, Mobio TA, Baudrimont I, Moukha S, Dano SD, Creppy EE (2005) Comparative study of cytotoxicity and oxidative stress induced by deoxynivalenol, zearalenone or fumonisin B1 in human intestinal cell line Caco-2. Toxicology 213(1-2):56-65 doi:10.1016/j.tox.2005.05.010
Maresca M (2013) From the Gut to the Brain: Journey and Pathophysiological Effects of the Food-Associated Trichothecene Mycotoxin Deoxynivalenol. Toxins 5(4):784-820
Maresca M, Mahfoud R, Garmy N, Fantini J (2002) The mycotoxin deoxynivalenol affects nutrient absorption in human intestinal epithelial cells. The Journal of nutrition 132(9):2723-31
Pestka JJ (2007) Deoxynivalenol: Toxicity, mechanisms and animal health risks. Animal Feed Science and Technology 137(3-4):283-298 doi:10.1016/j.anifeedsci.2007.06.006
Pestka JJ, Smolinski AT (2005) Deoxynivalenol: toxicology and potential effects on humans. Journal of toxicology and environmental health Part B, Critical reviews 8(1):39-69 doi:10.1080/10937400590889458
Sergent T, Parys M, Garsou S, Pussemier L, Schneider YJ, Larondelle Y (2006) Deoxynivalenol transport across human intestinal Caco-2 cells and its effects on cellular metabolism at realistic intestinal concentrations. Toxicology letters 164(2):167-76 doi:10.1016/j.toxlet.2005.12.006
Endereços online
[1] http://www.bbc.com/news/world-asia-pacific-15278612 (consultado a 27/5/2014)
[2] https://www.mdpi.com/2072-6651/5/12/2656 (consultado a 28/5/2014)